Em quase duas décadas de
participação ativa como cavaleiro de enduro, tive o privilégio de conhecer
alguns excelentes criadores e veterinários, montar bons cavalos, alguns poucos
acima da média. O esporte me deu muito mais do que pude, muito modestamente,
retribuir.
Meu espírito aventureiro sempre
me impulsionou a pesquisar e procurar o “sangue” menos óbvio. Colecionei mais
fracassos que sucessos. Nesta procura, desde o final da década de 90, ouvia
falar de um excelente criador de anglo-árabes, poucos animais participando de
provas, porém com resultados espetaculares. Minha rotina (com dose
significativa de preguiça), aliada à aversão ao marketing deste criador,
fizeram o tempo passar sem que tivéssemos nenhum contato.
Em 2013, para minha surpresa,
fico sabendo que este criador, o Haras da Barra, iria realizar um leilão. Uau,
que bela oportunidade! Com alguma preocupação, entrei, pela primeira vez, em
contato com o proprietário, Cid Barros, e pedi para ser recebido no haras para
ver os animais antes do leilão. Ele topou e com o meu eterno assessor, Henrique
Garcia, e mais alguns amigos fomos até a Barra. A partir do portão, confesso
que minhas avaliações sobre um bom haras mudaram de patamar. Estrutura,
piquetes, manejo: tudo espetacular. Cada animal que era mostrado era melhor do
que o outro - genética e criação gerando cavalos diferenciados.
Bem, no leilão, acabei por
comprar um animal de 3 anos - Himalaia da Barra - filho de um garanhão de uma raça que tinha
apenas ouvido falar, Árabe-Shagya. Animal com altura acima do usual encontrado
no enduro brasileiro, mas com uma estrutura excepcional. Calma, paciência e
planejamento de longo prazo foram mostrando que eu tinha dado a sorte de ter um
craque. Um cavalo com velocidade de trilha imbatível e enorme disposição para
galopar, porém com foco e tranquilidade. Após vencer provas de 60 e 80 km,
participamos e vencemos o Campeonato Brasileiro de 120 km, em 2016, com
velocidade média superior a 20 km/h e sem que, em nenhum momento, eu tenha
“posto perna no cavalo”.
Hoje, tenho a convicção que o
Himalaia é um animal único e que merece um cavaleiro mais competitivo do que
eu. Quem sabe o que o futuro nos reserva...
Tenho certeza absoluta que o
Himalaia levará o nome da Barra a outro patamar, em nível internacional.
Caso de sucesso para um cavaleiro
como eu? Sem dúvida! Contudo o mais valioso foi ter tido a oportunidade de
conhecer e, se ele me permite, me tornar amigo do Cid. Compartilhar seu
conhecimento, bom humor, sonhos, planos e paixão pelos cavalos tem sido um
enorme privilégio. Isto, isoladamente, já valeria a jornada.
Poucos haras podem se comparar ao
Haras da Barra. O Cid Barros é único!